Estava eu no quarto ano do curso de Filosofia da Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB), olhando que opções eu teria dentro das disciplinas
eletivas. Havia sido reprovado de forma injusta um ano antes em Tópicos em
Filosofia Moderna, onde elaborei um trabalho sobre Hanna Arendt, que
modestamente ficou muito bom. Mas enfim, fui reprovado por outras questões que
não vem ao caso.
Sempre fui avesso a Filosofia Medieval, uma aversão
preconceituosa de certa forma. Olhando a grade de disciplinas eletivas, estavam
a minha disposição duas disciplinas: Tópicos em Filosofia Moderna, mas teria o
problema de cursar novamente com o mesmo professor, ou me aventuraria em
Tópicos em Filosofia Medieval, ao qual já fazia um prejulgamento negativo. A
dúvida permaneceu por alguns minutos, foi quando a professora de Tópicos em
Filosofia Medieval passou pelo corredor, parou ao meu lado, e me convidou para
cursar a disciplina ministrada por ela. Fez um convite de forma solícita e
carinhosa, o que me levou a estudar o Medievo, a Idade das Trevas. Nunca tinha tido aula com a tal professora,
nem mesmo tinha amizade, ou algum tipo de conversa, mas fui prontamente para a
sala de aula estudar “A DOUTA IGNORÂNCIA” do filósofo Nicolau de Cusa, um
filósofo do qual não tinha o menor conhecimento, jamais tinha ouvido falar.
Arrumando as coisas na minha casa (as minhas tralhas), entre
letras de canções, achei uma avaliação da disciplina citada acima, e achei
interessante a pergunta feita na avaliação, e me surpreendi com a resposta,
pois a letra é minha, mas olho hoje, e tenho a sensação de que era outra
pessoa, enfim, coisa de maluco. Compartilho com vocês agora a dita pergunta e a
dita resposta:
Explique a “regra da desproporção” em Nicolau de
Cusa, repetida de diferentes maneiras:
A forma de apreensão, de formulação de
conhecimentos objetivos, se dá através de meios comparativos (o contraditório)
e proporcionais. Para Nicolau de Cusa, o conhecimento é a explicação da própria
mente humana, mente esta que possui suas estruturas de apreensão do
conhecimento, conhecimento este feito por mensurações e enumeração
(pressupostos para o conhecimento científico moderno).
Nicolau de Cusa parte de conhecimentos simples para conhecimentos
complexos, parte do que é proporcional para o desproporcional. A matemática
fonte de conhecimentos exatos, é usada por ele para adentrar nos conhecimentos
inexatos, pois a única forma de se aproximar do conhecimento desproporcional é
através de símbolos, pois o desproporcional não é discursivo, e a simbologia
matemática é o mais próximo que se poderia chegar deste conhecimento.
O homem é finito, não tendo a capacidade de vislumbrar de forma total o
que é desproporcional, mas podendo inferir a partir do proporcional o desproporcional.
O máximo absoluto é aquilo que é a complicação de todas as coisas, e ao
se contrair daria origem a tudo que existe, então, através daquilo que é
desproporcional podemos afirmar que um círculo é um triângulo, e que este é um
quadrado, pois tudo é UNO, o que há são movimentos enganosos, ou quem sabe,
movimentos baseados na proporcionalidade que dão a ideia de pluralidade.
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